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A Beleza dos Atabaques: Instrumentos Sagrados na Cultura Afro

Os atabaques não são apenas tambores. Eles são vozes ancestrais que ecoam espiritualidade, história e resistência. Presentes nos terreiros de Candomblé e Umbanda, esses instrumentos representam um elo entre o visível e o invisível, entre o corpo e o sagrado.

Neste artigo, você vai entender a importância espiritual, simbólica e cultural dos atabaques, sua origem, estrutura, variações e como eles seguem pulsando nas tradições afro-brasileiras.

O Que São Atabaques?

Atabaques são tambores sagrados, tocados com as mãos ou com baquetas, que acompanham os cânticos e danças nos rituais das religiões de matriz africana. Cada batida tem função espiritual: chamar os orixás, conduzir o ritmo da cerimônia, invocar energias e auxiliar na incorporação das entidades.

Mais que instrumentos musicais, os atabaques são considerados portadores de axé — energia vital. Eles não apenas tocam, mas “falam”, “rezam” e “curam”.

A Origem dos Atabaques

A palavra “atabaque” tem origem árabe (al-ṭabq), mas os tambores que conhecemos no Brasil vieram da África Ocidental, trazidos por povos iorubás, bantos e jejes. Nas culturas africanas, os tambores já tinham função ritual e eram usados para comunicação, celebração, luto, guerra e espiritualidade.

Ao chegar ao Brasil, durante o período escravocrata, os tambores foram preservados e adaptados, tornando-se peça fundamental nas religiões afro-brasileiras.

A Trindade Sagrada: Rum, Rumpi e Lé

Nos terreiros de Candomblé, os atabaques são sempre três:

  • Rum: o maior e mais grave. É o tambor que “fala” com os orixás.
  • Rumpi: o intermediário. Dá sustentação rítmica ao conjunto.
  • : o menor e mais agudo. Faz os toques rápidos e marca o compasso.

Esses três tambores não são apenas instrumentos — juntos, formam uma orquestra espiritual. Cada um é feito com madeira específica, couro animal e passa por rituais de consagração (sacralização) antes de ser usado.

Atabaque: Objeto de Fé e Axé

No Candomblé, o atabaque é tratado como um orixá. Ele é lavado, ungido com ervas e óleos, recebe oferendas e rezas antes de “falar”. Esse processo é chamado de dar axé ao atabaque, e só após isso ele pode ser tocado.

Além disso, nem todo mundo pode tocar os atabaques. No Candomblé, isso é função dos ogãs, homens escolhidos e iniciados para essa missão espiritual.

Os Toques: Linguagem Secreta dos Orixás

Cada orixá tem um toque próprio. Os principais incluem:

  • Ijexá: para Oxum e Iemanjá
  • Alujá: para Xangô
  • Agueré: para Oxóssi
  • Barravento: para Exu
  • Opanijé: para Obaluaiê

Os toques não são apenas sons: são códigos vibratórios, ritmos sagrados que ativam a presença do orixá no ritual. Quando o tambor toca o toque certo, o orixá “chega” — manifestando-se no corpo do médium ou enchendo o ambiente com sua energia.

Música e Transe

O som dos atabaques, junto aos cânticos e danças, ajuda o corpo a entrar em estado de transe. A repetição rítmica e vibracional induz um estado de consciência alterada, facilitando a incorporação espiritual.

É por isso que se diz que o tambor abre o portal. Ele organiza o espaço, prepara o corpo e “convida” os orixás a descerem ao terreiro.

Diferença Entre Atabaques no Candomblé e na Umbanda

Na Umbanda, os atabaques também são usados, mas com menos rigidez ritual. Muitas casas usam apenas um ou dois tambores e os toques são mais livres. A função continua sendo espiritual: elevar a vibração, proteger o ambiente e facilitar a incorporação dos guias espirituais (caboclos, pretos-velhos, crianças, etc.).

Na Umbanda, qualquer médium treinado pode aprender a tocar, desde que com respeito. Já no Candomblé, apenas os ogãs têm permissão para manusear os atabaques.

Os Cânticos e a Força da Palavra Cantada

Os toques vêm acompanhados de cânticos em iorubá, jeje ou quimbundo, dependendo da nação do terreiro. Essas canções contam mitos, pedem proteção e louvam os orixás. O canto, junto ao ritmo, recria o universo espiritual africano em solo brasileiro.

Cantar é rezar com o corpo inteiro. Por isso, música e espiritualidade são inseparáveis na tradição afro.

Instrumento, Escultura, Patrimônio

Além da função espiritual, os atabaques são verdadeiras obras de arte. São feitos à mão, com madeiras nobres (como jaqueira ou cedro), couro animal (geralmente de boi ou cabra), cordas trançadas e acabamento artesanal.

Por isso, os atabaques também são reconhecidos como patrimônio imaterial da cultura afro-brasileira, e sua construção exige conhecimento ancestral.

Atabaques Fora do Terreiro: Cuidado com o Uso Indevido

Nos últimos anos, os tambores afro-brasileiros têm aparecido em espetáculos culturais, shows e gravações. Isso pode ser positivo quando feito com respeito e permissão ritual.

Mas é importante lembrar: muitos toques são restritos ao sagrado e não devem ser tocados em contextos profanos. Reproduzir toques de orixás fora do terreiro, sem saber seu significado, pode ser visto como desrespeito.

Mulheres Podem Tocar Atabaque?

Essa é uma questão delicada. Em muitos terreiros de Candomblé, o cargo de ogã é reservado aos homens. Porém, na Umbanda e em algumas casas de matriz Angola ou Jeje, há mulheres que tocam. Isso depende da tradição local, da orientação espiritual e das escolhas da comunidade.

Fato é: cada vez mais mulheres têm buscado aprender e resgatar a sabedoria rítmica ancestral, desafiando limitações impostas por tradição ou machismo.

Atabaque é Resistência

Tocar tambor sempre foi um ato político. Durante a escravidão, os tambores foram proibidos porque uniam, organizavam e fortaleciam os negros. Mesmo perseguidos, eles sobreviveram — escondidos, reinventados, tocados na calada da noite.

Hoje, o som dos atabaques ainda ecoa liberdade, orgulho negro e resistência cultural.

Conclusão: A Beleza Está no Axé

A beleza dos atabaques não está apenas em sua forma ou som. Está no axé que carregam, na história que contam, na força que despertam. Eles são pontes entre mundos, memória viva da África no Brasil e prova de que espiritualidade, arte e cultura podem vibrar em uma só batida.

Respeitar os atabaques é respeitar a ancestralidade. É ouvir com o corpo, com o coração e com o espírito.

Perguntas Frequentes Sobre Atabaques

O que diferencia o atabaque dos outros tambores?

O atabaque é um tambor sagrado, consagrado com rituais específicos e utilizado em cerimônias religiosas. Diferente de tambores comuns, ele carrega axé e tem função espiritual, não apenas musical.

O som do atabaque tem poder espiritual?

Sim. O som do atabaque é considerado um “chamado” aos orixás e entidades espirituais. Cada ritmo carrega uma vibração própria, capaz de ativar energias e abrir caminhos nos rituais.

Quantos tipos de atabaques existem?

São três: Rum (mais grave), Rumpi (intermediário) e Lé (mais agudo). Cada um tem uma função específica na orquestra litúrgica dos rituais afro-brasileiros.

Quem pode tocar o atabaque no Candomblé?

Somente ogãs iniciados, que passaram por rituais e aprendem os fundamentos dos toques. O atabaque é consagrado e seu uso exige respeito e preparo espiritual.

É verdade que os atabaques recebem nomes espirituais?

Sim. Em muitos terreiros, os atabaques ganham nomes durante sua consagração, reforçando sua identidade espiritual e o respeito que merecem como portadores de axé.

Por que o couro do atabaque é natural?

Porque se acredita que o couro natural transmite a força vital do tambor. O som é mais “vivo” e espiritualmente potente, reforçando sua função nos rituais.

Posso usar um atabaque fora de rituais religiosos?

Sim, desde que com respeito. O atabaque é também usado em manifestações culturais como capoeira e samba, mas sua origem sagrada deve ser sempre reconhecida.

O atabaque também é usado na Umbanda?

Sim. Na Umbanda, os atabaques são tocados durante as giras para abrir caminhos, chamar entidades e equilibrar o ambiente. Os toques são diferentes dos usados no Candomblé.

Qual a origem do atabaque?

O atabaque tem origem entre povos africanos como os iorubás e bantus. No Brasil, foi preservado e valorizado nas religiões afro-brasileiras como instrumento espiritual essencial.

Por que não se deve colocar o atabaque no chão?

Porque ele é considerado sagrado, e o chão pode representar impureza energética. O tambor deve ser tratado com reverência, como um ser carregado de axé.

Os toques dos atabaques são ensinados em livros?

Geralmente não. O aprendizado é oral e iniciático, transmitido entre ogãs e filhos de santo. Existem alguns registros em livros, mas o saber tradicional é vivido dentro do terreiro.

Existem escolas que ensinam a tocar atabaques sagrados?

Há oficinas e projetos culturais que ensinam ritmos afro-brasileiros, mas os toques sagrados dos rituais só são ensinados por sacerdotes e em contexto de iniciação religiosa.

O atabaque pode carregar axé?

Sim. Ao ser consagrado, o atabaque se torna um objeto sagrado, carregado com axé — a energia vital espiritual que conecta mundos visível e invisível.

Livros de Referência para Este Artigo

CARNEIRO, Edison. Candomblés da Bahia.

Descrição: Clássico da antropologia brasileira que descreve com detalhes os rituais e instrumentos sagrados, incluindo o papel dos atabaques.

SODRÉ, Muniz. O Terreiro e a Cidade: A forma social negro-brasileira.

Descrição: Analisa a musicalidade e o espaço simbólico dos terreiros como expressão cultural, incluindo os sons e rituais com tambores.

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